Ele passa por uma situação de medo e talvez pânico em sua vida particular e eu nunca vi tamanho acanhamento em falar com alguém.
Falta de alto estima, medo de se mostrar, medo de conversar, medo de tudo.
Ele tem até medo de dormir. Eu o perguntei qual a coisa que ele mais gosta na vida, ele me respondeu: dormir. Ressaltou que não era de sexo que ele falava, mas de dormir tranqüilo, e que deveria ser bom.Ele acorda a cada uma hora uma hora e meia e se preocupa com o trabalho.
Fico imaginando o sofrimento desse homem.
Não tem problemas de saúde física,mas com certeza, seu espiritual está totalmente doente.
Lembrei-me de quando o medo me dominava. Eu tinha sonhos,mas logo logo acordava pra vida e não dormia mais. Passava mais tempo pensando do que dormindo .
Mas, não vou entrar em detalhes sobre a vida dele, nem sobre a minha, apenas vou deixar aqui, que nada é por acaso.
Ele confessou ter medo de pessoas, mas se soltou comigo e contou coisas que nunca havia contado a ninguém.
Daí, eu estava procurando um livro que estou lendo, e me deparei com outro, bem escondido na minha estante, que fala sobre Perdas e Ganhos.
O li em apenas uma hora e aprendi coisas que, se não fosse esse meu amigo, eu não teria aprendido, e não teria a oportunidade de passar algumas palavras pra ele e o confortar de alguma maneira.
Nada, mas nada mesmo, acontece por acaso.
Ele me apelidou de Livro falante, porque eu falo muito mesmo, e sempre saem palavras do nada, e que confortam.
Talvez eu seja mesmo uma portadora da voz do universo para pessoas que precisam ouvir algo.
Mas, esse amigo, que ao ler isso, vai entender o que vou deixar aqui escrito.
(Quero que você supere todos os percalços da sua vida, meu lindo, e que minhas palavras tragam tranquilidade em qualquer momento)
"Desde a idade de seis anos,eu tinha mania de desenhar a forma dos objetos.
Por volta dos cinqüenta havia publicado uma infinidade de desenhos, mas tudo o que produzi antes dos sessenta, não deve ser levado em conta. Aos setenta e três,compreendi mais ou menos a estrutura da verdadeira natureza, as plantas , as árvores, os pássaros, os peixes e os insetos. Em conseqüência, aos oitenta terei feito ainda mais progresso. Aos noventa penetrarei no mistério das coisas; aos cem, terei decididamente chegado a um grau de maravilhamento – e quando eu tiver cento e dez anos, para mim, seja um ponto ou uma linha, tudo será vivo.”
(Katsuhika Hokusai, sécs. 18-19)
Neste livro inédito, a autora alia memórias a uma delicada e sensível visão sobre o processo de envelhecimento da mulher. Busca dar um testemunho pessoal sobre a experiência do amadurecimento. Convoca o leitor para ser seu amigo imaginário: cúmplice e companheiro de reflexões que vão da infância à solidão e à morte, ao valor da vida e à transcendência de tudo. Lya divaga, discute e versa, com ímpeto, compaixão, e muitas vezes bom humor, sobre velhice, amor, infância, educação, família, liberdade, homens e mulheres, gente de verdade... e conclui que o tempo passa mas as emoções humanas não mudam, revelando que é preciso reaprender o que é ser feliz.
“Foram-se os amores que tive
ou me tiveram:
Partiram
num cortejo silencioso e iluminado.
O tempo me ensinou a não acreditar demais na morte
nem desistir da vida: cultivo
alegrias num jardim
os velhos amores e seus segredos.
E a esperança – que rebrilha
como pedrinhas de cor entre as raízes.”
(Secreta mirada, 1997)
“Não é preciso consenso
nem arte,
nem beleza ou idade:
a vida é sempre dentro e agora.
( A vida é minha para ser ousada.)
A vida pode florescer
numa existência inteira.
Mas tem de ser buscada, tem de ser
conquistada.”
Sobre o Autor:
Lya Luft é uma das mais importantes escritoras da atualidade e tradutora de autores consagrados. Em sua obra, busca entender a vida, para ela maravilhosa, mesmo quando dolorida. E, para isso, narra o que nasce de seu próprio amadurecimento.
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